domingo, 22 de junho de 2014

Copa do Mundo 2014: Espanha e o desafio do adeus

Como dispensar aquela pessoa que foi tão importante para a sua vida ou trabalho?
Qual a melhor forma de dizer adeus sem machucar ou ferir sentimentos?

O mundo será mais fácil no dia em que for criada essa fórmula.

A Espanha sofreu na Copa do Mundo de 2014 esse mal enfrentado por tantos outros times vencedores. O futebol brasileiro, por exemplo, trouxe casos recentes. 

Campeão da Libertadores e Mundial, o Corinthians segurou importantes jogadores dessas conquistas como Emerson Sheik, Chicão e Danilo, todos rendendo abaixo do esperado. Acabou naufragando nas competições seguintes. Já o Atlético-MG venceu de forma heroica o título continental e naufragou no Mundial contra o Raja Casablanca. Na Libertadores deste ano, o Galo acabou eliminado nas oitavas de final para o xará da Colômbia. Nomes como Marcos Rocha e Ronaldinho Gaúcho continuam prestigiados ainda que longe da qualidade mostrada anteriormente.

A própria Seleção Brasileira já enfrentou isso três vezes em Copas do Mundo. Em 1966, Vicente Feola convocou medalhões em final de carreira como Garrincha (decisivo em 62) e Bellini (o capitão de 58). Resultado: queda na primeira fase. No Mundial de 1986, Telê Santana prestigiou nomes importantes do time de 82, o que fez convocar Zico baleado e Falcão em má fase no São Paulo. Eliminação nas quartas-de-final para a França de Platini. A última vez aconteceu com Parreira na Copa de 2006 ao não barrar Ronaldo Fenômeno, craque do penta completamente fora de forma.

Vicente Del Bosque enfrentou o mesmo problema dessa vez. Ídolo do Real Madrid e capitão do primeiro título mundial espanhol, Casillas está em má fase desde que José Mourinho o colocou no banco de reservas do time merengue. Na final da última Champions League, o goleiro já havia falhado feio no gol do Atlético de Madrid e hesitado em outros lances. Apesar de graves e fora do comum, os erros na Copa não chegaram a ser novidade. Outro erro foi manter Piqué no time. O marido de Shakira caiu de nível como todo o time do Barcelona na temporada 2013-2014. Deixar o ótimo Javi Martínez no banco de reservas para privilegiar o titular do Mundial passado se mostrou outro equívoco do treinador.

O erro maior de Del Bosque acabou sendo em Xavi. Volante que redefiniu o futebol moderno, o craque do Barcelona não era mais o mesmo. O tempo castigou a força física dele, algo essencial para posição em um jogo tão corrido como o atual. Se estivéssemos 30, 40 anos atrás, ele poderia atuar facilmente no mesmo nível. Infelizmente, hoje em dia com a velocidade das partidas, não é mais possível. 

Xavi se tornou presa fácil para os adversários, suas jogadas eram facilmente marcadas e não tinha mais fôlego para aguentar em alto nível 90 minutos. O técnico espanhol sabia bem disso, mas como tirar o maestro de campo? E o que fazer com a esperança da jogada decisiva? E o lampejo de um craque não pode vir a qualquer momento? Del Bosque se agarrou a isso, não colocou o habilidoso Koke e a Espanha caiu.

A geração de Xavi, Casillas, Iniesta, Piqué, Sergio Ramos, David Villa, Xabi Alonso, Puyol, Del Bosque e tantos outros merecem a adoração dos fãs de futebol. Se vemos uma Copa do Mundo com tantos gols e jogos emocionantes, deve-se muito a estes caras, pois, mostraram que o futebol de troca de passes e ofensivo pode ser uma alternativa bem melhor que os contra-ataques e bolas paradas.

Que venha a geração de Thiago Alcântara, Pedro, Cazorla, Koke, De Gea...

Nenhum comentário:

Postar um comentário