sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Toda Poderosa Gaviões

Ao sair vitorioso do Mundial de Clubes em 2012, o Corinthians parecia diante do inevitável: dominar o futebol brasileiro nos próximos anos. A valorização da marca com um time vencedor serviria para atrair mais dinheiro e grandes craques. A sensação era que até mesmo o Brasil ficaria pequeno para a grandeza que o time paulista poderia atingir.

Infelizmente, o segundo clube com maior torcida do país se tornou refém da principal torcida organizada dela própria, a Gaviões da Fiel. A maior demonstração disso acontece com a reformulação do elenco nestas últimas semanas. Paulo André e Alexandre Pato já caíram fora e Emerson Sheik também não deve durar muito.

Ok, eram atletas que não vinham rendendo o esperado e as mudanças no Corinthians eram necessárias devido a apatia do time desde o Brasileirão. Porém, você acha que isso aconteceria da maneira tão rápida caso integrantes da Gaviões da Fiel não tivessem invadido o Centro de Treinamento do Corinthians? Correndo justo atrás desses três jogadores citados acima? Nessa batalha, a Gaviões da Fiel venceu.

O cartel de conquistas da torcida organizada corintiana nos últimos anos está digno da fase campeã de Anderson Silva. 100 invadem o CT, porém, somente três são presos. Na Bolívia, integrantes da Gaviões matam um adolescente. Mesmo assim, todos são liberados. O mesmo bando participa de uma briga generalizada contra vândalos disfarçados de vascaíno. Novamente, nada acontece.

As figuras são conhecidas, porém, nem a diretoria do Corinthians ou a polícia ou até os próprios integrantes pacíficos da Gaviões parecem interessados em barrá-los do estádio ou da vida do clube. Pelo contrário: ingressos não faltam para essa turma.

Mais do que erros da diretoria na contratação de jogadores ou decisões equivocadas de Mano Menezes e Tite ou apatia dos atletas. As turbulências criadas pela Gaviões da Fiel colocaram o Corinthians em um patamar bem abaixo daquele campeão mundial de 2012. A imagem do clube está arranhada por gente incapaz de entender o que é o futebol, afastando os reais torcedores dos estádios, assustando jogadores e deixando um clima de tensão a cada mísera partida disputada.

O grito que vem das arquibancadas do Pacaembu e ao redor do Brasil brada: "Todo Poderoso Timão". Perdão aos corintianos, mas, na verdade, o grito deveria ser: "Toda Poderosa Gaviões".

PS: se algum torcedor rival enxerga isso como bom, esse sujeito também não entende o futebol.

Foto: Rodrigo Gazzanel / Futura Press

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A beleza da Arena da Amazônia

Vejo vários amigos postando fotos e mais fotos dentro da Arena da Amazônia. Não há como negar que o estádio de Manaus para a Copa do Mundo de 2014 ficou lindo. O gramado verdinho, as cadeiras coloridas em tons de amarelo, vermelho e laranja, o belo telão, a cobertura branca dando um tom elegante e moderno, os camarotes e corredores espaçosos.

Temos um estádio de primeiro mundo. Pode ser comparável ao Emirates Stadium, Stanford Bridge, San Siro, Santiago Bernabéu.

Agora, saia da Arena da Amazônia e olhe ao redor.

Veja o Sambódromo velho, caindo aos pedaços, interditado recentemente pela Justiça do Amazonas por falta de segurança e sem prevenção para incêndio. Logo adiante, chegaremos nos galpões sempre mantidos de forma ilegal com os gatos de energia proliferando. Somente uns 100 metros a frente, veremos as alegorias de 2013 das escolas de samba de Manaus, instituições acostumadas a pegar sua boquinha da verba pública (igual aos clubes de futebol). A Alameda do Samba traz a nossa vergonha ambiental: igarapés sujos e cercado de mato.

Vamos agora para a Constantino Nery. Símbolo de como Manaus sabe tratar as árvores, a avenida que liga a Zona Norte ao centro da cidade possui agora as novas paradas do Expr... digo BRS. Como tudo é planejado, a maioria dos ônibus que circula na pista não estão adaptados para desembarcar os passageiros lá. Ali ao lado da Arena, temos o nosso mini elefante branco chamado Arena Amadeu Texeira, onde temos grandes feiras de carros em vez de competições esportivas. Para deixar tudo ameno, quem passa pela rua ganha um perfume aroma churrasco.

Esse é um retrato de parte de Manaus. Um pequeno pedaço, diga-se de passagem. Não vou entrar no campo da educação ou saúde pública, muito menos segurança ou limpeza pública, nem turismo nem saneamento básico quanto mais o transporte público ou telecomunicações.

A beleza da Arena da Amazônia é capaz de fazer com que muitos moradores de Manaus não desejem sair dela, pois, saberão como pode ser a vida em um local de primeiro mundo. Corram lá para dentro na esperança do estádio se transformar em uma nave espacial para sair voando para o mundo em que aquela construção pertence.